Crédito Habitação

Há sinais de alguma moderação na subida da prestação da casa. Ainda assim, a mensalidade com o crédito à habitação vai dar um novo salto até 300 euros nos contratos que forem revistos em maio.

É uma má notícia para as famílias que já têm de lidar com um aumento do custo de vida. A boa (ou menos má) é que começam as surgir os primeiros sinais de moderação destas subidas.

Ainda assim, quem tem crédito à habitação tão cedo não vai ter um alívio na prestação – ninguém vislumbra um regresso aos níveis anteriores a este ciclo, quando tivemos juros negativos na última década. Ou seja, a prestação deverá manter-se em níveis elevados durante bastante tempo, mesmo que a Euribor deixe de subir ou desça de forma ligeira.

Segundo revelou recentemente o governador do Banco de Portugal, o pico da taxa a 12 meses poderá já ter sido dobrado. Porém, em relação aos prazos de 3 e 6 meses – indexantes utilizados em cerca de 70% dos contratos com taxa variável em Portugal –, os valores máximos destas taxas só deverão ser alcançados no verão, segundo Mário Centeno.

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1% em cima de uma destas taxas:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 731,25 euros, mais de 70,59 euros (+10,7%) em relação à prestação que pagava desde fevereiro;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá chegar aos 739 euros, um aumento de cerca de 129,79 euros (20,57%) em relação à prestação que pagava desde novembro;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para cerca de 782,38 euros, quase mais 300,06 euros (62,2%) em relação à prestação que pagou no último ano.

Embora tratando-se de aumentos que nunca se observaram em muitos anos, as subidas começam agora a ser um pouco menos expressivas do que nos meses anteriores. Uma notícia que pouco serve de consolo para as famílias que continuam a sentir fortes restrições nos seus orçamentos por conta da escalada dos preços.

É justamente por causa da pressão inflacionista que o Banco Central Europeu (BCE) tem aumentado as taxas de juro de referência na Zona Euro e a dar gás às Euribor. O objetivo é reprimir o consumo para quebrar a alta inflação e colocar a taxa em direção ao objetivo dos 2%.

O conselho de governadores reúne-se esta semana. Desde julho já aumentou os juros em 350 pontos base e não deverá ficar por aqui.

Para os países onde há um domínio das taxas variáveis nos empréstimos da casa, esta conjuntura é mais penalizadora. É o caso de Portugal, onde cerca de 90% dos empréstimos à habitação estão associados taxa variável.

Para ajudar as famílias com crédito da casa, o Governo avançou com várias medidas para mitigar o impacto da subida dos juros, incluindo a facilitação da renegociação do contrato ou a bonificação dos juros.

Em março, a taxa de juro média no conjunto dos contratos de crédito à habitação avançou para 2,829%, o valor mais elevado desde 2009.

Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o capital médio em dívida era de 62.699 euros, com a prestação média a fixar-se nos 331 euros.

Fonte: https://eco.sapo.pt/2023/04/28/prestacao-da-casa-da-novo-salto-ate-300-euros-em-maio/

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