Foram emprestados 98,3 mil milhões de euros em abril de 2022 para comprar casa, mais 0,4% que em março, mostra o BdP.
Várias mudanças estão em curso no universo do crédito habitação. Há novos prazos do crédito consoante a idade e as taxas Euribor estão a subir, uma trajetória que poderá agravar-se ainda mais já que o Banco Central Europeu confirmou que vai mesmo aumentar a taxa de juro diretora em julho. O contexto é desafiador para as famílias, que ainda veem o seu poder de compra pressionado pela inflação. Mas, ainda assim, os bancos continuam a emprestar dinheiro para comprar casa. E emprestam cada vez mais. Os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP) indicam que este montante subiu 0,4% em relação a março para 98,3 mil milhões de euros em abril, o maior valor registado nos últimos seis anos.
“Em abril de 2022, o montante total de empréstimos aos particulares para habitação cresceu 4,8% em relação a abril de 2021, para 98,3 mil milhões de euros”, indica o regulador português liderado por Mário Centeno numa nota publicada esta sexta-feira, dia 27 de março de 2022. Desde novembro de 2015 que os bancos não emprestavam tanto dinheiro para comprar casa em Portugal – nesse mês foram concedidos 99.103 milhões de euros para habitação, mostram os dados do BdP.

A verdade é que desde dezembro de 2019 que o montante concedido em empréstimos habitação têm aumentando, embora não de forma linear. O que quer dizer que a pandemia não travou a compra de casa com recurso a crédito habitação, até porque o contexto de confinamento favoreceu a acumulação de poupanças e a valorização dos espaços interiores e exteriores das casas.
A evolução em 2022 do montante concedido em empréstimos para comprar casa continua ascendente, tendo em abril subido 0,4% face a março. E em relação a abril de 2021 o salto foi ainda maior – de 4,8%, apresentando um crescimento homólogo igual ao registado no mês anterior. O ritmo de evolução também é assinalável já que é preciso recuar a outubro de 2008 para observar semelhante aumento homólogo (5%).
Montante de empréstimos a particulares sobe 5,1% em abril
Os empréstimos da casa representam cerca de 77% do total de empréstimos a particulares – que engloba habitação e consumo -, o qual subiu para 127.023 milhões de euros em abril, tento atingido o maior valor desde fevereiro de 2014 (127.589 milhões).
“O montante total dos empréstimos ao consumo fixou-se em 20,0 mil milhões de euros, mantendo a trajetória de aceleração que se verifica desde setembro de 2021”, sublinha o regulador português. Em concreto, os empréstimos ao consumo cresceram 5,1% relativamente a abril de 2021 (4,9% no mês anterior), o valor mais alto desde abril de 2020.
A verdade é que apesar de pedirem cada vez mais dinheiro aos bancos, os depósitos dos particulares também estão a crescer. No final de abril de 2022, os particulares tinham depositado nos bancos residentes 177,1 mil milhões de euros. Estes depósitos cresceram 6,9% em relação a abril de 2021, aponta o regulador.

Empréstimos às empresas atinge os 76,4 mil milhões
Também as empresas continuam a pedir mais dinheiro aos bancos. “No final de abril de 2022, o montante total de empréstimos concedidos pelos bancos às empresas era de 76,4 mil milhões de euros. Estes empréstimos cresceram 3,1% em relação a abril de 2021”, lê-se na publicação.
Ainda assim, o BdP nota que os empréstimos concedidos às empresas mantiveram a tendência de desaceleração. “Em abril, esta desaceleração foi transversal às micro e às pequenas e médias empresas e mais expressiva nas empresas dos setores do alojamento e restauração, transportes e indústrias transformadoras”, esclarecem.
Por outro lado, observou-se uma aceleração dos empréstimos concedidos às grandes empresas e às empresas do setor do comércio. No caso das grandes empresas, o montante concedido cresceu 5,7% em relação a abril de 2021, depois de ter crescido 5,3% no mês anterior.
As empresas também têm mais dinheiro no banco: os depósitos das empresas cresceram em abril situando-se nos 64,6 mil milhões de euros. Este é um valor 14,2% face a abril de 2021.

Fonte: https://www.idealista.pt/news/financas/credito-a-habitacao/2022/05/27/52499-credito-habitacao-emprestimos-alcancam-a-novo-maximo-em-6-anos